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Até 2050, Petrobras e petróleo moverão o Brasil, apesar do Ibama

Magda Chambriard, presidente da estatal, diz que a empresa manterá sua liderança na “transição energética justa”

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Na recente COP 30, o governo brasileiro, que a sediou em Belém do Pará, pronunciou para os ecologistas do mundo um discurso pelo fim das energias fósseis – petróleo, gás natural e carvão mineral. Quinta-feira, 27, no Rio de Janeiro, onde está sua sede, ouviu-se um discurso diferente, pronunciado por Magda Chambriard, presidente da Petrobras, a maior estatal do Brasil. Ela anunciou o novo Plano de Negócios da empresa, do qual faz parte investimento na exploração do petróleo na Margem Equatorial, que se estende do Amapá até o Rio Grande, alcançando, também, a Guiana, que, extraindo e exportando o mesmo petróleo, muLtiplicou por três o seu PIB.  

Magda Chambriard disse o seguinte: 

“Com o Plano de Negócios 2026-2030, reafirmamos a nossa ambição de crescer junto com o Brasil. Nossos investimentos somam um volume significativo para a economia brasileira: US$ 109 bilhões, que representam 5% dos investimentos totais no país. Nossos projetos têm o potencial de gerar e sustentar 311 mil empregos diretos e indiretos e vamos contribuir com R$1,4 trilhão em tributos para municípios, estados e União nos próximos cincos anos. Seguiremos nossa trajetória como empresa integrada e líder na transição energética justa, promovendo o desenvolvimento sustentável do país, contribuindo para a segurança energética nacional, gerando valor e compartilhando os resultados com a sociedade”. 

Vamos por partes: transição energética justa significa aproveitar de modo sustentável o óleo existente nas profundezas da Margem Equatorial, para o que a Petrobras usará sua invejável expertise nas operações offshore, que não registram agressão ao meio ambiente. Contribuir para a segurança energética nacional é o mesmo que prometer aumentar a produção de petróleo, retirando-o da área pré-sal. Gerar valor e compartilhar os resultados com a sociedade é assegurar bons lucros para a empresa e dividendos para os seus acionistas, o maior dos quais é o governo, que só pensa naquilo – a reeleição do seu chefe. 

Há um movimento forte dos ambientalistas, a que aderiram a ministra do Meio Ambiente e o comando do Ibama, no sentido de impedir que o Brasil e os brasileiros, por meio da Petrobras, extraiam o petróleo da Margem Equatorial. Passaram-se cinco entre o pedido da Petrobras e a emissão da licença ambiental para a perfuração do primeiro poço exploratório, localizado 500 quilômetros mar adentro, e ali há petróleo, pois a área fica quase ao lado do mar da Guiana.  

O petróleo e seu poderosíssimo lobby ainda darão as cartas pelos próximos 50 anos, apesar do benfazejo avanço das energias renováveis – solar e eólica onshore e offshore, principalmente, sem se falar no hidrogênio verde, cujos custos ainda são altos e por isto mesmo retardam os investimentos.  

O Brasil – autossuficiente em petróleo, mas ainda não no seu refino – precisa de tirar bom proveito do óleo a ser extraído da Margem Equatorial, cujo comercialização, se correta e severamente gerenciada pelo governo, poderá ajudá-lo na execução do sonhado ajuste fiscal, incluindo, naturalmente, a redução da dívida pública, cujo serviços (os juros) fecharão este ano beirando a estratosférica casa de R$ 1 trilhão.  

Os combustíveis fósseis um dia deixarão de existir. Por enquanto, todavia, eles seguem movendo automóveis, caminhões, navios, aviões e trens. Mas os veículos elétricos chegaram e começam a mudar a mobilidade urbana e suburbana nas grandes cidades do mundo, inclusive Fortaleza. 

Está escrito na mensagem que a Petrobras encaminhou a esta coluna sobre seu novo Plano de Negócios: 

“O foco em óleo e gás continua como principal prioridade da Petrobras, sendo a estratégia de dupla resiliência - baixo custo e baixa emissão – fundamental para conciliar a liderança na transição energética justa com a segurança energética e o desenvolvimento sustentável do país. O crescimento sustentável da companhia se reflete na sua ambição de manter a relevância na oferta de energia brasileira, preservando a representatividade atual da Petrobras de 31% da oferta primária de energia do Brasil até 2050, com maior participação de fontes renováveis. Além disso, a Petrobras reafirma a ambição de neutralizar suas emissões operacionais até 2050.” 

Resumindo: até 2050, teremos petróleo brasileiro movendo o país. 

ADÃO LINHARES APROXIMA-SE DE INVESTIDORES EUROPEUS

Terminou ontem em Lisboa a Conferência Ibero-Brasileira de Energia (Coniben), cujo tema foi “Convergência Energética: Estratégias para Mitigação e Compensação”. Dela participou o engenheiro Adão Linhares, presidente da Energo Soluções em Energias. 

Em mensagem à coluna, ele disse que a conferência abordou  a colaboração entre a Península Ibérica (Espanha e Portugal) e o Brasil no setor energético, englobando geração, transmissão, distribuição e, especialmente, investimentos e oportunidades de negócios. O evento serviu para apresentar o Brasil como um destino atraente para investimentos europeus. 

“Em comparação com o ano anterior, a edição deste ano concentrou-se na transição energética, com foco em hidrogênio e biocombustíveis. Estamos em contato com investidores relevantes e de grande porte, interessados na produção de hidrogênio verde, metanol e combustíveis para aviação”, revelou Adão Linhares. destaca Adão.